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Eu enfrento a vida com as mãos cheias de flores,não uso armas,apenas o amor...
( Valquiria Cordeiro )

terça-feira, 14 de fevereiro de 2012

Mulher de sempre


Lá vai Canô, sem medo da vida, sem medo do trabalho, sai cedinho para a lida deixando um filho aqui e outro acula e segue em frente no meio de tanta gente para o seu pão ganhar.
Já bem a tardinha , lá vem ela, pálida magrela, cansada reunindo a filharada e no caminho da velha casa fala algumas baboseiras, pois, é tudo que escuta e tudo que sente é canseira.
Depois do banho gelado para economizar energia, sai ela correndo para a sua antiga pia, lava a louça, esfrega roupa e deixa de molho, arruma marmita, assa bolo e cai na cama desvalida, quebrada, e, ainda pede a Deus pelos seus cinco filhos, cinco homens, fala com orgulho, segundo ela mulher nasce só para sofrer...Adormece ali, falando baixinho no ninho
que pouco lhe acolhe pelo tanto que trabalha.Começa um novo dia e pelas ruas vai pensando;Deus há de me ajudar, a criar esses filhos, Deus há de me ajudar a vencer essa vida.Canô tinha marido que num belo dia desapareceu, tinha pai e mãe que;Primeiro o pai morreu e depois a mãe adoeceu e Cano com carinho cuidou da velhinha até o fim...
Ela sempre dizia triste a olhar no horizonte, que seus irmãos foram embora e a deixaram ali naquela vida dura, Geraldo e Francisco, se foram ainda jovem, nunca mais deram notícias.
Canô tinha casa, herança de sua avó, mas a vendeu quando seu marido sumiu e ela quase enlouqueceu, o dinheiro sumiu e Canô ficou sem casa e sem chão, até que uma senhora de bom coração a abrigou com a filharada sem cobrar o aluguel e ainda a ajudava, a ouvia...
Admirava Canô e sua garra, admirava Canô e sua energia.Mas não sabe ela das dores que Canô sente, dos calafrios, da febre que vem sempre pela noite...Isso Canô não conta a ninguém, ela tem medo de perder trabalho, afinal tem cinco bocas para sustentar, no médico não vai por medo de por lá ficar...

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